Uma poesia que escrevi há muito tempo para minha filha Sílvia quando era adolescente e fazia uma dieta.
Tão feliz eu era!
Linda, verde, brilhante
de saias rodadas
parecendo babados.
Tão feliz eu era!
Gostosa, mordida, fresquinha,
saborosa,
sempre nas festas,
nas mãos das crianças,
nas bocas diferentes
de toda gente.
Sempre brilhava nas bancas,
era apenas eu,
sempre leve e gostosa.
Todo mundo me queria
porque conhecia o meu sabor.
Temperada, pura, misturada
eu era apenas eu.
Depois...tudo mudou
disseram tudo o que o que sou
mas não essencialmente o que sou.
Disseram que eu era não calórica,
é verdade,
mas não é só isso que
sempre fui.
E aí fui perdendo a graça,
porque eu tenho sabor, sou verde, sou linda,
sou brilhante..
mas depois desta história de dieta e regime,
esqueceram-se de quem sou
e só me querem pelo que menos sou.
Um dia, antes, as crianças me colhiam na horta,
me compravam na feira
e discutiam sabores.
Hoje a magia acabou
transformaram não só a mim,
em insípida e não calórica,
mas já pensaram quem sou?
Mudaram tantas coisas e não só eu me senti.
Porque da beleza das cores
catalogaram a todos nós
como se não tivéssemos
cor, beleza e sabor?
E aqui estou eu
linda, bela, exuberante...
uma alface pensativa
no meio do colorido
de tantos melões, abacaxis,
maçãs, laranjas...
a esperar que alguém me queira pelo que sou.
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