terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma poesia que escrevi há muito tempo para minha filha Sílvia quando era adolescente e fazia uma dieta. 
Tão feliz eu era!
 Linda, verde, brilhante
 de saias rodadas
 parecendo babados.
Tão feliz eu era!
Gostosa, mordida, fresquinha, saborosa,
sempre nas festas, nas mãos das crianças,
 nas bocas diferentes de toda gente.
Sempre brilhava nas bancas,
era apenas eu, sempre leve e gostosa.
Todo mundo me queria
 porque conhecia o meu sabor.
 Temperada, pura, misturada
eu era apenas eu.
Depois...tudo mudou disseram tudo o que o que sou
mas não essencialmente o que sou.
Disseram que eu era não calórica, é verdade,
mas não é só isso que sempre fui.
E aí fui perdendo a graça,
 porque eu tenho sabor, sou verde, sou linda, sou brilhante..
mas depois desta história de dieta e regime,
 esqueceram-se de quem sou
 e só me querem pelo que menos sou.
Um dia, antes, as crianças me colhiam na horta,
me compravam na feira e discutiam sabores.
Hoje a magia acabou
transformaram não só a mim, em insípida e não calórica,
 mas já pensaram quem sou?
 Mudaram tantas coisas e não só eu me senti.
Porque da beleza das cores catalogaram a todos nós como se não tivéssemos cor, beleza e sabor?
E aqui estou eu linda, bela, exuberante...
uma alface pensativa
 no meio do colorido de tantos melões, abacaxis, maçãs, laranjas...
 a esperar que alguém me queira pelo que sou.

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