segunda-feira, 12 de outubro de 2020


27\04\84

Sentir que o amor, em cada gesto, brota das mais simples coisas: Do ressonar do Manuel ao transporte do Joaquim que dorme na sua caminha.

Hoje seria um aniversário a mais de meu pa.

A felicidade me parece completa . Eu, acordada. As meninas , já grandes, dormindo, quietas, no seu quarto. O Manuel na cama dos pais. O Joaquim na sua caminha. Isto tudo, as carinhas de criança entregues ao meu cuidado, faz com que sinta a mais pura sensação de prazer e felicidade. Tudo parece muito puro, muito bom, longe do egoísmo e da falsidade que eu sei existe fora.

Bom, agora, me fiz ou me fez lembrar a noite em que passei acordada, ou semi-acordada, imaginando ou  vendo diálogos que me foram repetidos no dia seguinte. Cla....

Abril de 1984

Neste bloquinho que achei pretendo escrever o que achar de interessante, que foi dito ou feito, pelas crianças, porque tanta coisa bonita vai se perdendo no tempo.

Joaquim, com quatro anos, quando não quis ficar na escola: ‘ “ Mãe, está entrando uma conjuntivite no meu olho” e ficou com uma carinha dee choro.

Outro dia: “ Mãe, eu não vou ficar burro porque não vou à escola. E eu disse: “ Sim, eu sei, é porque nasceste inteligente”. E ele: “ Não, é isso, é porque eu vou estudar em casa”.

A Sílvia , procurando um versículo na Bíblia: “ Não adianta eu procurar, porque não acho o primeiro Mateus, aqui só tem segundo Mateus”.

O Manuel mandou eu e o pai dele ficarmos perto um do outro e nos deu um coração de papel de presente. Agora ele despertou para aprender letras, recortar papéis  e fazer colagens, construir coisas com “” sucatas”, como eles  dizem.

domingo, 1 de outubro de 2017

Paciência é uma virtude mas poderia ser uma obrigação, porque não temos poder sobre o tempo.
Tem que saber esperar e dormir , sem desanimar, sem deixar de fazer o que se pode no momento em que se quereria que tudo fosse como desejamos .
Esperança é viver um tempo que pode ou não chegar , mas que se quer que chegue.
Paciência é encarar o tempo sem desanimar, o que é difícil.
Paciência e memória trazem mais esperança, quando a memória se ocupa de lembrar tudo o que já foi um dia um sonho e hoje é realidade.
Chegar em uma grande cidade com um sonho, sem conhecer ninguém e ir palmilhando todas as estradas para encontrar o caminho, o lugar desejado.
Palmilhar, andar atrás de um sonho revela uma motivação dentro daquele sonho que é como que uma certeza de que ele vai acontecer como realidade .
Dói muito andar muitas vezes na busca da estrada, mas ela vai se definido pouco a pouco e o que antes era longe depois se torna perto.
Onde está aquele dia em que parecia impossível andar pelos corredores da editora famosa?
Onde está aquele segundo em que se sonhava com apenas uma oportunidade...
Sim, existem o sonho e tem que ser forte o suficiente para crer e para buscar,
mas existe depois outras expectativas e novas lutas porque o sonho cresceu
Assim continua em esperança e paciência o que brota dentro como um apelo de vida , como um convite, um chamado, uma procura denominada "sonho"

Conversa de vó e neto.

Em conversa de avó e neto a sinceridade brota sempre em forma das perguntas indiretas, diretas e espontâneas.
Depois de um breve tempo de descanso, após um caloroso momento de brincadeiras,  eis que começam as afirmações ou perguntas veladas  vindas de um menino de recém coletados oito anos.
 Sim,  porque as  afirmações traduzem uma certa indagação.
"Vó, tu não trabalhas e também dizes coisas que não as fazes."
"Vó, tu fazes coisas pequenas, mas os teus grandes desejos não realizas eles."
"A minha mãe trabalha e ainda cuida de nós dois. "
Tens oito anos e eu quereria continuar esta bonita conversa indefinidamente desfrutando do encontro e da sabedoria de tua pequena grande observação.
E se assim fosse,  com esta mesma fala, poderíamos  ou contar uma história ou conversar sobre tuas observações.
 Talvez eu mesma não soubesse, responder mas tu haverias de me dar muitas pistas para nosso melhor conhecimento.
Eu te conheceria mais e tu me conhecerias melhor. Ou pelo menos teríamos um longa conversa e conversas são coisas bonitas que podem aproximar pessoas quando damos tempo para ouvir e tempo para pensar e responder.
Mas do que pode ser dito me encantou teu pensamento quando disseste que tua mãe trabalha e ainda cuida de vocês dois.
Teus olhinhos risonhos brincavam porque sabes muito bem o quanto és amado e cuidado por esta avó. Tua segurança neste amor te fazia brincar.
Dizer, porém que sabes sobre o trabalho de tua mãe e que ela ainda consegue cuidar de vocês dois significa muito para uma vovó.
O amor de tua mãe é o melhor presente para uma vovó, pois assim como eu a amo e sempre cuidei, agora é motivo de alegria saber que é ela quem ama vocês .
Talvez por isso a maior alegria seja quando uma mãe vê que sua filha, agora é mãe e  amor e suporte para os seus próprios filhos.
Ainda não deu para conversarmos sobre qual é meu atual trabalho, mas tuas palavras, teus gestos e frases me fazem pensar e escrever.


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Me perguntara: Como te sentes hoje?
Hoje eu me sinto irritada, feliz, triste, agradecida, chateada, tranquila e em paz. Não é contradição.
Acrescento: impotente, prisioneira, poderosa e livre. E não é contradição.
Ainda digo: vulnerável, protegida, pequena e grandiosa.
Então começando assim, sentindo assim este turbilhão de sentimentos aparentemente contraditórios, é de esperar que a palavra irritada, apareça como primeira.Ela é o grito, a explosão, o alerta , a fala de uma alma que percebe e se busca, que se escuta, que procura se entender e descobre a multiplicidade de acontecimentos que a envolvem em palavras, em gestos, aconetcimentos, promessas, expectativas, atitudes internas e externas a si mesma.. Percebe falas sinceras e frases prontas. Percebe dificuladdes, acomodações,, esforços. Percebeenganos, ideologias, e algumas mentiras que podemos fazer a nós mesmos e aos outros para afastar a consciencia de que somos toda esta infinita gama de sentimentos e que estes  não são neutros , eless trazem dor, desconforto , incõmodos, mesmo quando considerados bons, como a vivencia de tempos alegres ou felizes, pois , neste caso, podem trazer a incerteza e o medo de perder.
Não, eu não sou otimista, porque eu não sou feita de um único sentimento, de uma só visão. Existem razões e fatos que me fazem ver a vida ora com esperança e , portanto, otimismo e outros tantos acontecimentos que provocam desalento. Existem situações e fatos que eu posso escolher, mas existem outros que me são impostos por circunstâncias de minha existência e..Os primeiros me causam a sensação de que sou livre, decidida, forte, atuante,, enquanto os segundos falam e me falam da minha minha fragilidade e do meu aprisionamento.
Acreditar só no que é positivo me é impossivel , sem sentido desde que percebo esta rtealidade dupla.
Não vou alar sobre cada um dos sentimentos que escrevi,mas seria bom fazer.
Não sou otimista, nem inovadora, nem tenho genialidade, não transformo viads, não faço negócios, não sou rica, não tenho respostas. Também não sou pessimista. Faaço o que posso e melhor, tenho paz e alegria, escrevo mal ou bem, mas escrevo o que penso,, gostaria de ser compreendida embora saiba que nem sempre é possivel, . Tenho sempre vontade de ser melhor no que faço e no que sou, e que isto inclui aprender sempre mais  e que isto é feito por amor e amar é sair do egoismo, .
Tenho a melhor vida feita exatamente para caber em mim, no que fui, sou e serei.
Trago muita gratidão pelo tudo que recebo da vida. Me olho do fundo do passado ao presente e perceboque ninguém poderia me dar tudo o que tenho e sou se não tivesse recebido pela generosidade pura e unica que não veio de mim ou de qualquer ser humano.
Olho para esta casa, linad, gram
nde, espaçosa, cheia de vivencias e recordo qe minharica infancia . Quanta riqueza em tão poucas coisas, uma casa de dfuas ou tres peças, um ar morno de verão,  através de uma janela estrita, .um cheiro de tinta, a visão de homem e uma mulher jovens, meus pais, um tanque de cimento cinza, umpapel celofane amarelo que me encantava colocar nos olhos e olhar o céu, quando tinha então dosi anos de idade.
Depois os estudos, a morte do pai,uma família só de mãe e irmãos, tios e avós e a sensação de desamparo ,de desolaãço,. e ainda o saber suportar a dor, transpo-la, acreditar, confiar e esperar a tudo vivendo com sinceridade e humilde aceitação, mas com a força de uma família amorosa.
Depois veio o amor, namoro, casamento, filhos, netos,aniversários,  formaturas, festa,  E tudo veio de graça. A estas agradeço. Mas vieram as dores, doenças, separações, desavenças, cobranças, intransigencias,, desencontros, turbulencias, enganos, desenganos, mágos,. Estas também vieram de graça,e a elas taambem agradeço, porque foraam causa de aprendizado .
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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Quando uma criança começa a ficar diferente , tendo atitudes que não tem perto de seus pais, o que posso pensar? Além de pensar que ela pode estar extravasando o que não pode perto deles, penso que devo falar com os os pais e que eles devem buscar mais entendimento sobre o que está acontecendo. Afinal nunca se sabe o que é dado pela educação e o que vem dos apelos de todo o lado. Será que é hora de ajustar alguma coisa?  A maneira como vivemos hoje em dia mais nos afastam dos filhos do que nós percebemos. A forma como falamos. O que vimos na Tv, tudo já se sabe teoricamente como fazer, mas na prática é bem difícil. Tem o acordar, atender as necessidades de cada filho, atender as lides da casa, atender a algum mínimo cuidado consigo, atender ao marido que também quer um pouco de atenção e sobretudo atender ao relógio que não nos deixa atender nada direito. Então onde fica o espaço para conversar sobre nossas convicções, sobre o que cada um está fazendo ou lendo, ainda mais quando divergem as idades? Para quem acredita em um Deus de amor puro, onde fica o jeito de confirmar esta crença?  Em uma corrida sempre mais forte para chegar ao fim do dia cansado e batido, resmungando do cansaço ou na constante compra de coisas que não usamos e que nos angustiam. Onde está o equilíbrio?  Como fazer para que nossos filhos nos entendam e nós os entendamos?  Um deles precisa de mais atenção, outro de mais limites e não somos mágicos. Como fazer para que saibam que o que cremos tem valor, que não são palavras. Como fazer para que acreditem em si mesmos , para que não se iludam com falsos valores, com a menina liberal , ou a mais avançada da turma, enfim para que saibam cuidar de si, de seus modos no mundo, de sua presença no mundo? Como podemos fazer com que sintam que vale a pena ser católico, embora muita gente ache careta, e acusem a igreja de coisas que ela não merece? Como podemos tratar da espiritualidade de uma criança que quer ser grande ,mas ainda tem medo e insegurança que se traduz em atitudes de inconformismo com as regras estabelecidas por seus pais antes que possam se manifestar como rebeldia maior. Sei que muitos proíbem , outros conversam, explicam, contam fatos, se interessam pelo que está acontecendo, enquanto outros proíbem sem se aprofundar na realidade da criança. Não sei a que ponto marca em uma criança as muitas contradições dos adultos. Não sei onde se refugia um ser que sofre, não sei onde me refugiei em pequena, nem onde meus filhos se refugiaram em sua fragilidades. Sei que foram salvos por misericórdia e iniciativa de Deus. Na correria não temos sabedoria para conversar melhor com nossos filhos parece que estamos dando tudo, todo o nosso melhor e nos esforçamos muito para isto, mas não tem um jeito simples de dar amor , de estar presente, de ter família sem tanto desgaste ? Será que falta abraço, carinho, aperto de mão , sentar ao lado, ouvir mais, ficar quieto, cultivar mais plantas? Ou não falta nada?  Quem sabe apenas um pouco de oração em família. Sinceramente não sei, mas vou fazer o que posso: orar

Receita de bolo

É verão. Visita dos netos no casarão . 
Uma cozinha, um gurizinho esperando a chegada dos primos, uma idéia, uma tarefa, um dia feliz. 
-Vó, vamos fazer bolo?-  Sim, respondo logo. E como dizer não diante daqueles olhinhos sorridentes? 
-Quando queres fazer? - Agora vó. - Hummm que bom ! E a vó olha para os lados. A cozinha está cheia de coisas para guardar , o fogão ocupado, a pia cheia de louças, verduras para lavar, mas ...como negar?-Sim, pode ser, respondo com gosto. 
- Como vamos fazer?  sabendo que eu teria que inventar uma receita, porque a expectativa já era bem minha conhecida. E não existe receita que diga como manter ocupado um menininho que está mais interessado em mexer com os ingredientes e objetos da cozinha do que propriamente interessado em fazer um bolo, porque para ele é mais importante descobrir, tocar, quebrar, enfarinhar, sentir, mistura, cheirar, provar, bater...enfim descobrir segredos guardados na cozinha, na feitura de um bolo. 
E começamos por onde? -  é o que já vou pensando, quando ele me pergunta:- - Vó, posso quebrar os ovos?- oh, sim, boa idéia. 
-E quantos são, vó? Eu  digo que três são suficientes e ele reclama que é muito pouco, porque já sabe quebrar ovos então, , temos de quebrar mais ovos. 
Concordo plenamente e começa a quebra dos ovos e sua colocação na tigela . O primeiro, ótimo. O segundo: - Vó, se amassou todo e caiu na mesa. Tudo bem, pode pegar outro . O quarto foi bem. Pode pegar mais um para completar os três . -Vó , eu posso pegar mais um porque eu gosto de fazer isto? . Sim, pode. E outro agora, vó , pode? Pode, mas agora temos que colocar outras coisas senão não vai ser um bolo de verdade.-
 E que vai ser agora? -Agora vem o açúcar, gostas? Huuuuummmmm, fala ele com um jeitinho na boca e um olhar de aprovação , assim meio maroto, meio sorrindo. E açúcar,  penso eu , não vai ser colocado em xícara, porque aí a magia vai terminar logo e então sugiro que use uma colher para medir. -E quantas, vó? Quantas? Eu digo cinco , para começar, e ai ele retruca ser pouco e eu concordo, mas é que precisa mexer com os ovos. -Ahhhh bom. Vó, e agora posso por mais ?  -Sim. -Quantas? -Mais cinco. - obaaa. -E agora, mais cinco? . -Isto, olha como já sabes . - Vó, já misturei tudo, posso colocar só mais umazinha? Claro. Olha já estamos inventando quase um pão de ló. 
 E agora já posso pegar a farinha? -Ainda não. Vamos colocar o leite, um pouquinho de manteiga e bater mais e quando te cansares de bater vamos colocar o ingrediente que mais gostas que é o tcham...tcha..tammmmá o nosso amado CHOCOLATE. 
Um segundo depois: Vó,  já cansei posso colocar o chocolate? -Claro, vais colocar como o açúcar de cinco em cinco colheres e mexer de novo. Certo?- Vó, me ajuda ? Vamos colocando as colheres e a massa vai ficando bonita, brilhante como chocolate derretido. A tentação de provar aumenta e lá se vai o dedinho na colher e depois na boca e um sinal de aprovação.
 Já deu?  -Agora falta a farinha. -De colher também? Claro. E posso bater tudo de novo? Exatamente. E o que falta, agora, pergunto, eu. Não sei, diz ele. Pois falta o fermento uma coisinha que faz o bolo crescer e ficar fofinho. E adivinha quantas colheres é preciso? Todas?  -Não, apenas uma . -Só uma? Sim, porque o fermento é meio mágico. Basta só um pouco.  Gostou? Gostei  mas já posso colocar na forma? -Pode e depressa porque o forno está quente e já vamos colocar lá dentro. Agora tem que ser um adulto, como já sabes. E o bolo ficou maravilhosamente bom e receita guardada a sete chaves, porque bolo de vó e neto é um tesouro precioso. Neto só tem magia.
Duas caixinhas, tão simples, Acolchoadas de cetim, É o que te entrego nas mãos Na homenagem singela que trago no coração. Dentro de uma existe Uma flor, Que os olhos não podem ver, São teus carinhos de mãe, Que o tempo não deixa esquecer. É tua beleza mais pura, Teu entusiasmo e amizade Regados, com alegria, na minha infância feliz, em um jardim encantado que foi por ti bem cuidado. Na outra caixinha existe tua presença de mãe Que sempre soube ensinar, Sem ter muito que falar, a respeitar as pessoas e a elas nunca julgar. Assim nesta rima, nem certa nem perfeita, Entrego, neste teu dia, Meu coração palpitante de muito amor e alegria por poder te chamar... de... mãe