Uma cozinha, um gurizinho esperando a chegada dos primos, uma idéia, uma tarefa, um dia feliz.
-Vó, vamos fazer bolo?- Sim, respondo logo. E como dizer não diante daqueles olhinhos sorridentes?
-Quando queres fazer? - Agora vó. - Hummm que bom ! E a vó olha para os lados. A cozinha está cheia de coisas para guardar , o fogão ocupado, a pia cheia de louças, verduras para lavar, mas ...como negar?-Sim, pode ser, respondo com gosto.
- Como vamos fazer? sabendo que eu teria que inventar uma receita, porque a expectativa já era bem minha conhecida. E não existe receita que diga como manter ocupado um menininho que está mais interessado em mexer com os ingredientes e objetos da cozinha do que propriamente interessado em fazer um bolo, porque para ele é mais importante descobrir, tocar, quebrar, enfarinhar, sentir, mistura, cheirar, provar, bater...enfim descobrir segredos guardados na cozinha, na feitura de um bolo.
E começamos por onde? - é o que já vou pensando, quando ele me pergunta:- - Vó, posso quebrar os ovos?- oh, sim, boa idéia.
-E quantos são, vó? Eu digo que três são suficientes e ele reclama que é muito pouco, porque já sabe quebrar ovos então, , temos de quebrar mais ovos.
Concordo plenamente e começa a quebra dos ovos e sua colocação na tigela . O primeiro, ótimo. O segundo: - Vó, se amassou todo e caiu na mesa. Tudo bem, pode pegar outro . O quarto foi bem. Pode pegar mais um para completar os três . -Vó , eu posso pegar mais um porque eu gosto de fazer isto? . Sim, pode. E outro agora, vó , pode? Pode, mas agora temos que colocar outras coisas senão não vai ser um bolo de verdade.-
E que vai ser agora? -Agora vem o açúcar, gostas? Huuuuummmmm, fala ele com um jeitinho na boca e um olhar de aprovação , assim meio maroto, meio sorrindo.
E açúcar, penso eu , não vai ser colocado em xícara, porque aí a magia vai terminar logo e então sugiro que use uma colher para medir. -E quantas, vó? Quantas? Eu digo cinco , para começar, e ai ele retruca ser pouco e eu concordo, mas é que precisa mexer com os ovos. -Ahhhh bom. Vó, e agora posso por mais ? -Sim. -Quantas? -Mais cinco. - obaaa. -E agora, mais cinco? . -Isto, olha como já sabes . - Vó, já misturei tudo, posso colocar só mais umazinha? Claro. Olha já estamos inventando quase um pão de ló.
E agora já posso pegar a farinha? -Ainda não. Vamos colocar o leite, um pouquinho de manteiga e bater mais e quando te cansares de bater vamos colocar o ingrediente que mais gostas que é o tcham...tcha..tammmmá o nosso amado CHOCOLATE.
Um segundo depois: Vó, já cansei posso colocar o chocolate? -Claro, vais colocar como o açúcar de cinco em cinco colheres e mexer de novo. Certo?- Vó, me ajuda ? Vamos colocando as colheres e a massa vai ficando bonita, brilhante como chocolate derretido. A tentação de provar aumenta e lá se vai o dedinho na colher e depois na boca e um sinal de aprovação.
Já deu? -Agora falta a farinha. -De colher também? Claro. E posso bater tudo de novo? Exatamente. E o que falta, agora, pergunto, eu. Não sei, diz ele. Pois falta o fermento uma coisinha que faz o bolo crescer e ficar fofinho. E adivinha quantas colheres é preciso? Todas? -Não, apenas uma . -Só uma? Sim, porque o fermento é meio mágico. Basta só um pouco. Gostou? Gostei mas já posso colocar na forma? -Pode e depressa porque o forno está quente e já vamos colocar lá dentro. Agora tem que ser um adulto, como já sabes.
E o bolo ficou maravilhosamente bom e receita guardada a sete chaves, porque bolo de vó e neto é um tesouro precioso. Neto só tem magia.
Ah, que delícia de receita!
ResponderExcluirNossa! Lembrou quando minhas netas, passavam as férias comigo na fazenda.
ResponderExcluirÉ maravilhoso essa fase na vida na vida da gente...
É linda esta fase. E ainda bem que ficam estas lembranças e o amor permanece unindo os corações e a vida .
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