sexta-feira, 18 de julho de 2008

Quadreira



O quadro ao lado se chama quadreira porque assim denominado pelo Pedro quando tinha tres anos . Se as informações estiverem erradas corrigirei.
O mais importante é que depois que parei de trabalhar tive esta felicidade de ter netos , que eu não sabia como era . No início foi difícil , porque misturava um pouco com o ser mãe e acho que só agora estoui conseguindo ser mais avó. Agora me deleito olhando expressões em seus rostinhos , descobrindo o que me dizem em seus códigos, descobrindo o que os faz rir e como canalizar seus desejos para que não se restrinjam a apenas serem mais uma exigencia .
Continuo com crianças buscando entender seus gestos e suas manifestações .
E quanto aos filhos ? Isto sim , é um capítulo a parte . Isto é um pedaço tão forte , tão profundo que aí não tem mais explicação . Aí me vem uma palavra escrita por João evagelista : "Deus amou tanto o mundo que deu seu filho único ..."Amou tanto ... e deu ... este filho que é sempre único e filho é ele mesmo.. é tudo dele .
E termina se misturando tudo . Amor . Filho . Neto . Mundo . Deus
Paz

Doutores da Alegria




Durante trinta anos fui dentista . Me acostumei com a idéia . Achava fácil e natural . Me empenhava em ser e aprender , mas sempre achava que me faltava algo, porque eu não conseguia seguir a risca aa técnicas que aprendera . Diga-se que naquele tempo a ciencia buscava ser muito rígida e eu intimamente não concordava com alguns de seus preceitos.
Assim sendo eu me tornei uma dentista um pouco diferente para a época. Sem perceber, sem me questionar aos poucos criei meu próprio jeito de ser , de atender , de cuidar , de interagir e trabalhar com crianças .
Achava muito normal tudo que fazia , porque fazia com muito amor , muito cuidado, muita atenção . Cada criança que eu conhecia era única para mim. Gostava de ver quando chegavam , muitas vezes assustadas, outras até em pânico e sentir que pouco depois havíamos estabelecido uma relação alegre e prazeirosa.
E o que eu fazia? O que mais fazia era olhar bem em seus olhinhos e tentar perceber onde estava seu ser , sua vontade , sua expectativa e dali partir em busca do que fazer . Muitas vezes utilizei bonecas para que eles lidassem livremente com elas , não apenas usando-as para demonstração , como se eu fosse dona da situação , mas deixando liberdade para que expressassem ali seus sentimentos . Tirava fotos , brincava e nos divertíamos a tal ponto de muitos não saberem que estavam recebendo uma anestesia .

Sentia que mais importante para mim não era solucinar seus problemas dentários , mas fazer com que aquele experiência fosse motivadora o suficiente para que surgisse dali uma vontade nova , um conceito novo em relação a si mesma.
Assim me alegrava quando via seus olhinhos passando do medo para a confiança , passando do desinterresse para a atenção ,do susto para a alegria de estar ali.
Quando escrevo agora penso que ganhei muito sem saber e penso que também sem saber eu agia com muita modernidade , com muita sensibilidade para as quais não dava nenhum valor.
Hoje olhando um filme sobre os Doutores da alegria fiquei muito emocionada e feliz porque sem saber eu tinha sido um deles e aí me dei valor e agradeci por ter sido assim.

terça-feira, 15 de julho de 2008

LIBERDADE



Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem lição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Amostra grátis


Este é um pedacinho do livro Cem dias entre céu e mar, do Amir Klink . Achei tão bonito que escolhi uma passagem qualquer. Ele fala:
"...Trabalhava preocupado em melhorar pouco a pouco, dia a dia.Atento a tudo , mas tranquilo. Estava feliz no meu barquinho...
....A imensidão do mar tornava minúsculos os meus maiores problemas e gigantes as menores alegrias. Ensinou-me a dar valor à vida que eu levava e a pequenas coisas que às vezes passavam despercebidas...
...Senti que estava cumprindo uma obra de paciência e disciplina.E percebi como é simples conseguir isso. Nada de sacrifícios extremos ou esforços impossíveis. Nada de grandes sofrimentos. Ao contrário, bastava apenas o simples, minúsculo e indolor esforço de decidir..."

domingo, 13 de julho de 2008

Voltei


Há muito tempo que não escrevo. Após um período de muitas emoções vividas em plenitude , sinto que quero recomeçar. O que se acumulou neste período foi transformado em crescimento . As emoções diferentes que se sucederam indo desde uma formatura de alguém muito amado e especial , às doenças e atropelos cotidianos , às leituras , às converssas e aos questionamentos , aos encontros de oração , às visitas surpresa de gente quase desaparecida foram , na verdade, molas impulsionadores e renovadoras de vida .
Neste período de grande turbulência não faltou a saudade de um filho distante que foi amenizada com sua presença , com seu carinho , com sua vontade de estar perto . Não faltou nem mesmo experiencia mística nesta fase , mas o que aconteceu trouxe também a certeza de uma fé renovada na coragem , na paciencia e na certeza de que vale a pena buscar, porque realmenta a gente encontra . Ficou a certeza de que vale sonhar porque os sonhos se realizam e que sobretudo vale a pena amar sempre, em todo tempo , em qualquer circunstância , porque só o amor dá consitencia e forma à vida.